2 de dezembro de 2013

Repleta de referências a fenômenos atuais, ‘A Nova Família Trapo’ tem potencial para virar programa fixo

É normal que, como ocorre sempre que uma nova atração entre no ar, o público procure semelhanças com projetos parecidos. Nesse sentido, "A Nova Família Trapo", especial de fim de ano da Record, entrou no ar sofrendo comparações com o recém-exibido "Sai de Baixo", da Globo, mas logo mostrou que o paralelo que tem de ser estabelecido é outro. A nova versão do sucesso da emissora nos anos 60 segue os mesmo moldes de gravação com plateia. Ou seja: Caco Antibes e sua turma beberam - e muito - na fonte do programa levado ao ar pela Record com Golias e companhia.

Desfeita uma primeira impressão errônea, o sitcom, candidato a uma vaga na programação do ano que vem, mostrou que tem potencial para ocupar as noites de domingo. Não somente por ser um investimento que demanda menos produção - cenário e elenco fixos, sem externas, apoiado principalmente no texto -, mas por revisitar uma atração que segue viva na memória de muitos brasileiros.

Já nos primeiros minutos, revelou-se um grande acerto de escalação: Kátia Moraes roubou a cena como a empregada Benigna. Completamente à vontade no papel, teve boas cenas com o protagonista, Quintino (Rafael Cortez). Da mesma maneira podem ser apontadas como destaque as participações de Cacau Mello e Bárbara Borges, absolutamente comprometidas com personagens muito atuais: a atriz de teatro forçadamente intelectualizada comprometida até a espinha com o papel e a subcelebridade de fama efêmera. Patrycya Travassos também se saiu muito bem como a ambiciosa Gertrudes.

Completamente antenado com os acontecimentos de hoje, o texto esperto de Letícia Dornelles rendeu boas piadas por suas inumeras referências a sites de celebridade e figuras de televisão como Marcelo Rezende. O passado dos atores do palco também não passou impune. Patrycia Travassos ironizou seu programa no GNT, "Alternativa Saúde", já Rafael Cortez teve de ouvir que foi "repórter de um programa falido". Faltou ao roteiro, no entanto, definir melhor a espinha dorsal da história e destacar mais Quintino, que acabou servindo de "escada" em mais momentos do que deveria para os colegas. Dito isso, há um bom potencial no humorístico. Não será surpresa se ele surgir na grade da Record no ano que vem.

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