Reportagens sobre cinema, trailers e convidados especiais (geralmente atores) marcaram o “Cine MTV”, cujo foco era falar sobre o melhor da 7º arte. Talvez o que mais tenha marcado nesse programa era o cenário, que simulava uma sala de cinema quase vazia. Muita gente (COFCOFeuCOFCOF) já acreditou que o programa era gravado em um cinema verdadeiro, e não em um estúdio minúsculo com um fundo verde.
Filho do especial sazonal que colocava bandas e músicos para se enfrentar nos campos verdejantes do futebol, o “Rockgol de Domingo” (depois virou de outros dias) era uma paródia das mesas redondas tradicionais, mas ele ainda conseguia espaço para falar sério enquanto comiam deliciosos amendoins japoneses. O quadro mais amado das pessoas era o Bola na Fogueira, com mais piadas de duplo sentido que uma esquete do “Zorra Total”.
O programa era um relato de viagens, mas sem ser chato como os passeios de Gloria Maria no Nepal pelo "Globo Repórter". Alguns VJs da casa viajavam para diversos cantos e mostravam as culturas locais, as pessoas, as paisagens e as dicas de passeio para pessoas que (como todos nós) não têm muitos recursos. Entre os apresentadores estão Gastão Moreira, Fernanda Lima, Léo Madeira e Bia e Branca.
14º- “Gordo a Go-Go”
A pessoa menos indicada para comandar um talk show tradicional, daqueles que o apresentador apenas bajula o convidado, é o João Gordo. Ele era debochado, grosseiro e tal, mas comandava boas entrevistas. E uma delas acabou marcando o seu programa para sempre: Dado Dolabella não levou na esportiva o programa e quebrou a bancada de João Gordo com uma machadinha. Foi expulso do palco enquanto gritava “você traiu o movimento punk, véio” e o apresentador esbravejava. Cá entre nós… que movimento punk, véio?
13º- “Trolalá”
Tatá Werneck é a rainha do improviso, então deram a ela e ao Paulinho Serra um programa com trotes telefônicos. E não nada de perguntar sobre carro na cor gelo! Tatá costumava ligar para estabelecimentos, pessoas anônimas, famosos e até mesmo sua avó (sério!) para trollar com os improvisos mais inventivos possíveis. Celebridades também iam ao programa e ajudavam nos trotes, e tivemos até o cantor Christian Chaves (ex-RBD) ligando para um ator da versão de “Rebelde” produzida pela Record. Para momentos de descontração, havia a ilustre presença de pessoas não famosas, entre elas o querido e não-querido Batata.
12º- “Não tem Clipe… mas É Legal”
Um conceito muito legal desse programa era trazer as músicas que não tinham clipe. Só as faixas que não viraram single, mas ainda sim eram bem legais. As músicas eram exibidas então com alguns efeitos gráficos com o nome do cantor para que a pessoa fosse atrás dela. Infelizmente o programa não durou muito na programação, mas era uma contribuição inestimável à música.
11º- “Família MTV”
“The Osbournes” fazia um baita sucesso, então a MTV Brasil fez sua própria versão do programa. E como não havia nenhuma família de músicos bizarra o bastante para peitar Ozzy Osbourne, havia um rodízio com cada edição trazendo um músico diferente. Meu episódio favorito foi com o Supla, afinal tinha aquele quê de excentricidade da versão original do reality: uma família de músicos filhos de políticos.
10º- “Covernation”
Mais um dos game shows da MTV, mas com a disputa entre bandas covers. O apresentador era Marcon Mion, que tinha até um cover chamado Mionzinho (que, olha só que coisa, continua com o ator até hoje na Record), e as bandas faziam várias provas com nomes genéricos/bizarros para, só então, sofrerem o julgamento de três jurados internacionais. Quer dizer, eram covers também (desculpa estragar sua fantasia). No fundo, o programa era uma divertida paródia do “Qual é a Música” do SBT, tanto que tinha o seu próprio Pablo (interpretado pelo Mion).
09º- “Ponto Pê”
Chegava sexta à noite e você não tinha nenhuma balada pra ir, o que fazer? Vamos todos ligar para a Penélope Nova do “Ponto Pê” e tirar as dúvidas sobre qualquer bizarrice de sexo, desde ao tradicional “é normal a minha namorada sentir uma ardência?” quanto “eu quero pegar o irmão da minha namorada” e “sou viciada em homens de pênis avantajado”. Penélope respondia as coisas sem a assessoria de algum especialista (como acontecia com o “Erótica MTV” apresentador por Jairo Bauer e Babi Xavier, antes de falar sobre seus pelos pubianos), então esbanjava o bom humor e seus achismos sensatos.
Com certeza o “Ponto Pê” foi um dos melhores programas de sexo, melhor ainda que o “Erótica MTV” e “MTV Sem Vergonha”.
08º- “Comédia MTV”
Um programa de esquetes humorísticas e de paródias de outros programas. Essa descrição não pode se aplicar ao “Zorra Total” porque ele não é engraçado, mas se encaixa no “Comédia MTV”. Vinhetas de humor (muitas vezes non-sense), paródias de todas as emissoras e um elenco humorístico afiado marcaram o Comédia, um programa que realmente te fazia rir. No elenco estavam Marcelo Adnet, Dani Calabresa, Bento Ribeiro, Fábio Rabin, Tatá Werneck, Paulinho Serra, Rodrigo Capella e Guilherme Santana, que mantinham imitações quase perfeitas das celebridades ou então surpreendiam em personagens inéditos (eu amava a Fernandona da Tatá). Em 2012 o humorístico perdeu parte do elenco, mas ressurgiu com a novidade de ser ao vivo.
07º- “Beija Sapo”
Podemos eleger o “Beija Sapo” como o melhor programa de namoro do canal? Cá entre nós, o “Fica Comigo” era muito engessado, o “A Fila Anda” era uma micaretagem excessiva e o “Luv MTV” era uma vergonha alheia, mas o programa apresentado pela Daniela Cicarelli tinha um vigor como poucos. Uma garota ia ao programa procurar um namorado, e três rapazes vestidos de sapos passavam por provas vergonhosas para conquistar o coração da moça. Caso fossem dispensados, eles poderiam ter um beijo garantido com alguém da plateia. Com o tempo também foram rapazes procurando namoradas (as candidatas eram chamadas de pererecas) e teve até uma edição com famosos (Felipe Dylon procurou um romance muito antes de casar com sua atual esposa).
O maior destaque nem era a apresentadora, e sim uma coadjuvante: a madrasta. Com suas respostas afiadas e jocosas, a senhora virou mania entre as pessoas e conseguiu dar muitos beijos no programa. Vale lembrar que o “Beija Sapo” conseguiu emplacar um bordão entre os jovens. Quando alguém estava desesperado sem beijar, bastava gritar “Socorro, Cicarelli!!!!!”.
06º- “Luau MTV”
Todas as músicas que você gosta de ouvir, porém com um oceano lindo ao fundo. A ideia do “Luau MTV” era essa, a de levar grandes nomes da música brasileira para uma praia e deixar o som rolar em apresentações mais intimistas e pessoais.
Como era de se imaginar, ele rolava em uma praia, logo o “Luau MTV” só aparecia durante a programação de verão do canal. Ele não tinha um VJ fixo (ou seja, deve ser na ordem do “vamos ver quem está disponível agora para gravar) e apresentou muitas apresentações memoráveis, como Nando Reis, Charlie Brown Jr e Skank. Aliás, não pense que os luais eram apenas à noite, porque muitos programas eram gravados de dia mesmo (vai ver é para economizar na iluminação).
05º- “Acesso MTV”
Apresentado por Marimoon e Titi, podemos dizer que o “Acesso MTV” foi um programa polêmico. Muita gente odiava, mas é inegável que ele é perfeito para aquela faixa de público. As apresentadoras eram carismáticas, sabiam muito bem comandar um programa ao vivo e seguravam a peteca em um programa de horas a fio. Entre um clipe legendado e outro, as duas faziam brincadeiras, liam comentários no Twitter através de um moderno monitor com tela de toque (bem antes dos jornais da Globo adotarem o equipamento) e comentavam as notícias relacionadas aos ídolos musicais daquela galerinha mais nova e mais antenada no pop: Lady Gaga, Katy Perry, Justin Bieber e a banda Restart.
O “Acesso MTV” conseguiu com maestria interagir com seu público através das redes sociais e sempre conseguia levar alguma hashtag aos Trending Topics. Mas não pense que essa habilidade em dialogar com os jovens veio do nada: o programa foi uma evolução natural do “Scrap MTV”, apresentado pela mesma Marimoon e que ensaiava essa interação. Aliás, você ainda lembra o que é um “scrap”?
04º- “Acústico MTV”
Baseado no “MTV Unplugged”, o “Acústico MTV” foi o destino de muitas pérolas da música brasileira. O conceito do programa era gravar apresentações musicais de cantores e bandas consagradas apenas com instrumentos acústicos (ah vá!). A qualidade era tanta que as apresentações chegaram a sair em DVD e CD na época.
A MTV tem esse jeitão de “jovem”, mas olha só os clássicos que já colocaram os pés nesses especiais: João Bosco, Gilberto Gil, Gal Costa, Lulu Santos. Barão Vermelho, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso foram algumas das bandas que se apresentaram naquele prestigiado palco.
O programa não tinha periodicidade, era produzido quando arranjavam alguém para se apresentar e pronto, garantindo que ninguém foi chamado apenas para cumprir cota.
Em 2001, Roberto Carlos gravou o seu acústico, mas a dona Globo decidiu proibir a exibição e ele se encontra inédito até hoje. O último programa exibido foi em 2012 e contou com a apresentação de Arnaldo Antunes.
03º- “Piores Clipes do Mundo”
Ei, papito! Que tal a gente comer uma pamonha com o Rodney D enquanto vê o Supla cantando “Japa japa giiiiirl”? Se você não entendeu nenhuma referência até agora, saiba que você perdeu um dos programas mais engraçados da MTV. Comandado por Marcos Mion, o “Piores Clipes do Mundo” trazia semanalmente clipes horríveis baseados em um tema. A mais esperada de todos era o quadro com Mion analisando os clipes detalhadamente, mandando voltar a fita e zoando tudo sem limites (exatamente o que ele faz hoje na Record com seu “Legendários”, mas com vídeos de “A Fazenda” no lugar dos clipes).
O programa ficou marcado porque Mion não tinha limites, e sobrava para os assistentes que ganhavam um espaço no ar. Você se lembra do Sidão que sempre fazia uma dança genérica ou do pobre diretor que era constantemente trollado pelo apresentador? Outra marca era colocar o clipe da música “Japa Girl” do Supla em vinhetas aleatórias sem qualquer critério, apenas para zoar a falta de qualidade do clipe do loiro.
Com a saída de Mion da MTV (a primeira saída), entrou em seu lugar Ferrugem e a cabeça do João Gordo, mas não tinha metade da graça de antes.
02º- “Disk MTV”
O “Disk MTV” é praticamente o sinônimo do canal e consistia em um top 10 de clipes escolhidos pelo público, que votava por telefone. É mesmo, esse aparelhinho que hoje você carrega no bolso e é usado para jogar Candy Crush no ônibus servia para ligar para a MTV e pedir o seu clipe favorito. Em 2006 o programa mudou de nome para “Top 10 MTV” porque era um sinal dos tempos e o telefone deixou de ser importante. É a vida, não é mesmo?
O Disk recebeu os VJs mais importantes da emissora durante Olha só quem já apresentou o programa: Astrid Fontenelle, Cuca Lazarotto, Sabrina Parlatore (uma das que mais marcou), Sarah Oliveira (a que ficou por mais tempo), Carla Lamarca, as gêmeas Keyla e Kênya e Luisa Micheletti. Na internet temos até acesso ao primeiro ranking do programa, o que trouxe o remix de “Garota de Ipanema” da Marina Lima como o clipe favorito do público.
01º- “Furo MTV”
Me desculpem os fãs do canal que estão nesse momento prestes a arremessar o mouse em mim (ou então separando os xingamentos nos comentários), mas o “Furo MTV” é simplesmente o melhor programa da MTV de todos os tempos. Ele começou com uma duração curtinha, mas depois conseguiu emplacar um espaço diário de meia hora. E sendo bem francos, com os recursos da MTV é quase improvável um humorístico diário manter o bom nível sempre, mas o “Furo MTV” conseguia.
Caso você nunca tenha parado para assistir, o “Furo MTV” era um telejornal com os fatos mais importantes do dia noticiados (e comentados) por uma ácida Dani Calabresa e por Bento Ribeiro e sua dificuldade em ler o teleprompter. Usando muito humor e deboche, criticavam e apontavam o dedo para todas as emissoras, celebridades e ainda foram os primeiros a fazerem piadas com o fim da MTV ainda em 2011. E como se esquecer de quadros como o “Giro nos Estados” com piadas regionais ou o “Você não pode dormir sem saber”?
Em 2013, Dani Calabresa pegou sua mala e foi com um dos roteiristas do programa para a Band, onde apresentou um quadro semelhante (porém sem a mesma graça) dentro do “CQC”. Bento Ribeiro então ganhou a companhia de Bruno Sutter, Daniel Furlan e Paulinho Serra para um Furo renovado e ao vivo, tão genial e debochado quanto antes.
Eis um programa que iremos lamentar profundamente a ausência quando a MTV fechar de vez.
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